Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas
de Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicas
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O acidente que causou a morte do jovem técnico instalador e reparador de rede externa da Telemont/Oi, Odlanier Soares Perusse, 19 anos, às 17h40, no dia 02/02, deixou muita tristeza, mas também muitas perguntas sem respostas e a mais importante delas é como a Telemont/Oi coloca um técnico com pouca experiência – tinha 6 meses de trabalho – e sozinho para desempenhar um reparo numa área rural que demanda grande dificuldade? Mas há outras dúvidas a esclarecer: por que o fiscal de rede da Oi estava acompanhando o trabalho de manutenção? Por que o encarregado da Telemont, que havia participado do trabalho na quarta-feira, não foi ajudá-lo na quinta-feira? Por que o técnico continuava o trabalho, fora do horário, mesmo sabendo que receberia advertência da chefia por não bater o ponto? Por que o trabalhador não se recusou a subir nos postes para lançar o FE, se num deles, num poste da telefonia, passava um cabo da rede elétrica de alta tensão? Por que Odlanier estava em cima no poste se estava chovendo? Segundo explicações do fiscal de rede da Oi, Sirley Crezenili Dias, ele acompanhava a execução do trabalho porque no mês de janeiro, a Oi recebeu sete reclamações e pedidos de reparo no telefone do Sítio Itaúnas, em Jucú, área rural de Viana, onde reside um casal de idosos. “Eu recebi um e-mail do Paulo Vicente, que pediu ao Fabiano e me copiou”, solicitando acompanhamento na manutenção da rede e reparo do telefone”, disse Sirley. O pai de Odlanier disse aos diretores do Sinttel-ES, no dia seguinte a sua morte, que o filho havia chegado em casa no dia anterior ao acidente que o vitimou, após as 19 horas. “Ele estava preocupado, pois sabia que seria advertido por não ter batido o ponto às 17h, como determina a Telemont”. Por que então, pelo segundo dia, ele ainda estava no poste trabalhando às 17h40, quando foi atingido? O gerente do serviço de saúde e medicina do trabalho (Sesmt) da Telemont, Lauro Maymone, que esteve no Sitio Itaúnas nesta sexta-feira, disse que os técnicos são orientados a não executar serviços se as condições apresentarem riscos e insegurança. Por que Odlanier desobedeceu a essas premissas? Várias condicionantes podem ter levado o jovem técnico a não questionar tais requisitos. Primeiro, a condição de novato na empresa. Odlanier tinha apenas 6 meses de trabalho. Segundo, que acabara de ter uma filha, que tem apenas três meses, ou seja, estava começando uma família. Terceiro, que havia um fiscal de rede fiscalizando o seu trabalho. Qual trabalhador, pensando nas consequências, iria se recusar a subir em postes de cimento que estão esfarelando, com a ferragem aparente e que, num deles sustenta um cabo de alta tensão da rede elétrica e, ainda, trabalhar sozinho, com chuva, lançando um fio com mais de 600 m até a casa do cliente? O medo da demissão certamente pesou nas decisões que levaram o técnico a não usar o DIREITO DE RECUSA para não colocar sua vida em risco. Por outro lado, porque a Telemont convocou um técnico sem experiência, sozinho, para fazer a manutenção daquela rede, no meio do mato, em que ele teve que lançar o fio sobre o Rio Jucu? Certamente porque um técnico mais experiente não toparia trabalhar naquelas condições. Mas porque o fiscal de rede da Oi, Sirley Crezenili Dias, que tem 43 anos de experiência não impediu o técnico de trabalhar na chuva, sozinho, o que contraria as regras de segurança? Um boletim de Ocorrência foi feito pelo engenheiro de segurança no trabalho da Telemont, Norberto Cunha Louvem, já que o acidente de trabalho foi fatal e será apurado com inquérito e investigação pela Delegacia Especializada em Acidente de Trabalho, que fica no bairro Horto, em Vitória. Haverá culpados? Ao final das contas, perdemos um trabalhador, jovem, cheio de vida. E agora como fica a filhinha, a esposa, os pais e os amigos? Que a morte de Odlanier não seja em vão, principalmente para os colegas de trabalho e de todos os técnicos de rede externa. A Telemont e todas as demais empresas não pensam duas vezes em dar advertência, balão. Pune sem dó e piedade. Elas só pensam no lucro. Portanto, não quebrem galho de conhecidos da chefia, executando serviços fora do horário de trabalho, não deixem de usar os equipamentos de segurança, usem o DIREITO DE RECUSA para não colocar a vida em risco, façam todos os procedimentos de segurança, mesmo que isso gaste tempo. Não faça como o colega que faleceu em cima do poste e ainda será acusado de ser o único culpado de sua própria morte, pois não estará aqui para se defender.

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