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Na última quinta-feira, 31 de março, diversos setores da sociedade contrários ao impeachment da presidente tomaram as ruas, em mais de 50 cidades brasileiras, para protestar contra a tentativa de derrubada de um governo democraticamente eleito e sem crime de responsabilidade.

 

A data da manifestação simboliza um ato em defesa da democracia. Mas este não foi o primeiro 31 de março em que o assunto ‘democracia’ esteve em jogo. Há 52 anos, em 1964, os militares tomavam o poder e instituíam o golpe que marcaria gerações com sua truculência e censura.

 

Quem viveu na época do golpe militar sabe o quão terrível foi a ruptura do processo democrático, onde toda informação era manipulada pelos ditadores durante longos 21 anos. Artistas e intelectuais foram presos, torturados e alguns mortos.

 

O desejo e a necessidade por liberdade de se expressar morreu com muitos deles. Muitas Marias e Clarisses choraram suas perdas. E que crime eles cometeram? Estavam tentando defender a dignidade de nós, cidadãos, pelo direito de pensar segundo nossos princípios e orientação política, contra o golpe.

 

Neste sentido, movimentos sociais, artistas, intelectuais, entre outros grupos, deixaram claro o pavor que sentem de ameaças ao processo democrático e como identificam semelhanças entre 2016 e 1964.

 

O cantor e compositor Chico Buarque, que conhece os efeitos de um governo repressor, participou do ato no centro do Rio. Em seu discurso, Chico citou que no protesto havia pessoas que votaram ou não no PT e quem pode estar decepcionado com o governo. Mas enfatizou a união de todos pelo apresso à democracia. “Vocês me animam a acreditar que não, de novo não, não vai ter golpe", defendeu.

 

Em meio a tantas manifestações, pró governo ou contra, informações mastigadas e fora de contexto compartilhadas diariamente por aplicativos de celular, informações manipuladas divulgadas em jornais, e todo esse momento político, muitos se confundem e o todo o debate parece estar centrado, apenas, em investigações de corrupção.  

 

 

Questione

 

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. João Goulart, o vice, assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de Jango (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais, o que causou preocupação das classes conservadoras. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Jango defendia abertamente mudanças na estrutura agrária, econômica e educacional do país.

 

Conservadores organizaram uma manifestação contra as intenções de João Goulart, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Te lembra algo? A ditadura de 64 pretendeu se chamar “Revolução”, pois diziam que acabariam com a corrupção no Brasil e com os planos que eles consideravam subversivos do presidente. Distribuir terras aos mais pobres era uma das causas que tornava Jango uma ameaça.

 

Os golpistas afirmavam que iriam salvar a democracia, que estaria em perigo. Os jornais pró-golpe imediatamente reproduziram essa versão dos fatos.  Isso soa familiar?

 

Mesmo pessoas que, inclusive, criticam os rumos do governo Dilma marcaram presença nas manifestações da última quinta-feira, pois entendem que a luta para defender a democracia é de todos.