Evento reúne delegadas sindicais para debater os impactos do desmonte da previdência
17/03/2017 | FENATTEL
A Secretaria da Mulher do Sintetel, sindicato da FENATTEL, promoveu hoje, 17, um amplo debate sobre os efeitos do desmonte da previdência na vida da mulher e da sociedade como um todo. Estiveram presentes as delegadas da categoria, que saíram do evento com vontade de lutar contra a retirada de direitos.
A Coodernadora de Pesquisas do DIEESE, Patricia Pelatiere, analisou os dados que comprovam que a proposta de “reforma” da previdência irá acabar com o sistema ao invés de melhora-lo, como vem sendo dito pelo governo e pela grande imprensa.
Os pontos expostos na apresentação evidenciam o caráter da PEC 287, que visa retardar o acesso à aposentadoria, reduzir os valores dos benefícios, equiparar grupos tão distintos da sociedade em uma mesma regra, como, por exemplo: homens e mulheres terem idade mínima de acesso igual. Estes e outros aspectos têm sido discutidos em nosso boletim especial, acompanhe: http://fenattel.org.br/boletim
O governo de Temer quer equiparar a idade de homens e mulheres no desmonte da previdência. O argumento é que as mulheres vivem mais do que os homens e devem trabalhar a mesma quantidade. O “genial” presidente só não conta à população que as mulheres dedicam mais horas do que os homens durante a semana ao trabalho e afazeres domésticos.
Os dados sobre os afazeres domésticos mostram que as mulheres gastam, em média, mais de 20 horas nas tarefas do lar. É o dobro de horas gastas pelos homens nessas atividades. Quem geralmente deixa o trabalho para se dedicar aos filhos é a mulher. Quem cuida dos idosos, na maioria das vezes, também é a mulher. Portanto, há um acúmulo de funções.
Segundo Patricia Pelatiere, após os 25 anos de contribuição, como proposto pela PEC 287, a mulher terá trabalhado mais do que os homens, se comparado a dupla jornada. Mas o único aspecto que a “reforma” considera é a expectativa de vida, desconsiderando as peculiaridades de um país tão diverso.
Telecomunicações
No setor de telecomunicações, 60% das mulheres têm entre 25 a 39 anos. Em teleatendimento, elas representam 71% dos trabalhadores. A maioria delas são jovens entre 18 e 29 anos. Ou seja, essas mulheres estão em idade reprodutiva e em algum momento é possível que deixem o serviço para se dedicar à maternidade. Em um setor tão cheio de pressões e metas, onde as mulheres ganham menos do que os homens, a rotatividade é muito alta.
“Observando as características do setor, a PEC 287 terá impacto devastador, pois fará com que a maioria delas não consiga se aposentar, devido a exigência dos 25 anos de contribuição sem interrupções”, destacou Patricia.