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A VII Oficina organizada pela Rede de Mulheres UNI Brasil debateu, nos dias 28 e 29, questões pertinentes à realidade da mulher na sociedade e no mercado de trabalho e refletiu sobre os caminhos para diminuir as desigualdades de gênero.

 

A técnica do DIEESE, da Subseção da FENATTEL, Renata Filgueiras, apresentou dados sobre a taxa de participação feminina no mercado de trabalho. As mulheres são maioria (51,5% do total da população brasileira), mas sua taxa de participação no mercado é bastante inferior à masculina. Em 2015, 35,5% das mulheres ocupadas não possuíam carteira de trabalho, contra 18,3% dos homens.

 

“As mulheres são as que mais sofrem com o desemprego”, declarou Renata. Em 2016, a taxa de desemprego foi mais elevada entre as mulheres. Em Salvador, por exemplo, a taxa de desemprego feminina ficou em 26% contra 22,4% da masculina.

 

Segundo dados da PNAD, em 2006, 92% das mulheres declararam fazer tarefas domésticas, enquanto apenas 52% dos homens afirmaram se dedicar aos afazeres de casa. Quase dez anos depois, em 2015, pouco mudou neste resultado: 91% das mulheres disseram possuir a responsabilidade pela manutenção das atividades domésticas, do cuidado com os filhos e idosos, mas apenas 53% dos homens declararam se envolver com estas tarefas.

 

Ou seja, a responsabilização da mulher pelo trabalho doméstico continua sendo padrão na sociedade brasileira. Há maior presença feminina na jornada de trabalho parcial. Os homens, em média, têm jornadas de trabalho remunerado mais extensas. A dupla jornada feminina, entre cuidados com a família e o trabalho, reflete na menor disponibilidade delas para exercer jornada completa no serviço remunerado. Considerando a dupla jornada, “a cada semana, as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens”, apontou Renata.

 

Os desmontes amplamente defendidos pelo governo Temer, que pretendem acabar com direitos, afetam principalmente as mulheres, pois elas são as principais responsáveis pelos cuidados no lar e estão em segmentos mais vulneráveis (educação, saúde, serviços domésticos). Enquanto muitos se esforçam na luta pelos direitos da mulher, o governo vem na contramão defendendo propostas que prejudicarão as mulheres. Absurdo!

 

O movimento sindical tem papel fundamental para ir contra a desigualdade de gênero que há tanto tempo nos persegue. Um dos instrumentos se dá pelas negociações coletivas, por meio da licença maternidade, licença adoção, garantia de consultas e exames pré natal, licença paternidade e etc. Outro instrumento de grande relevância são as manifestações nas ruas e os debates e palestras realizados nos sindicatos.

 

Responsabilidade compartilhada

 

Algumas empresas aderiram ao programa “Empresa Cidadã, que garante isenção fiscal, e prevê a licença-paternidade de 20 dias, mas ainda não é uma realidade em todas as organizações no Brasil. A categoria dos bancários foi uma das que conseguiu aumentar os cinco dias de licença- paternidade para 20.

 

A Secretária da Mulher da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Elaine Cutis, revelou a importância de estender a licença aos homens para cuidar dos filhos e do curso sobre paternidade ministrado aos que adquiriram o benefício dos 20 dias.

 

“O objetivo do curso é despertar a consciência de que cuidar dos filhos não é uma tarefa exclusiva às mulheres. É mostrado aos pais que eles também são responsáveis pela criança e isso é essencial para mudar uma mentalidade antiga e trazer o debate para a sociedade da importância da responsabilidade compartilhada”, defendeu Elaine.

 

O curso é ministrado por médicos, psicólogos, entre outros profissionais e aborda conteúdos essenciais, como: cuidado e afeto com o bebê, a chegada de um novo membro na família, os cuidados com a criança portadora de deficiência, depressão pós parto e outros assuntos que, segundo Elaine, são capazes de transformar a resistência ao conceito de família tradicional de muitos que concluem o curso. Um excelente exemplo para outros setores se inspirarem e aplicarem.

 

O Evento contou com a presença de mulheres de diversos sindicatos e categorias. A FENATTEL foi representada por Cenise Monteiro, Diretora de Relações Internacionais da Federação, e pelas delegadas dos Sintteis de diversos estados brasileiros.

 

 

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